Novo livro de autora best-seller explora questões familiares e preconceito em narrativa sobre gêmeas idênticas que se encontram em lados opostos de uma sociedade racista.
As irmãs Vignes são gêmeas idênticas. Quando, aos 16 anos, resolvem fugir de casa, elas não fazem ideia de como isso vai alterar suas trajetórias. Mais de uma década depois, uma delas volta para a cidade natal ― uma comunidade negra no sul dos Estados Unidos obcecada por novas gerações de pele cada vez mais clara ―, e o choque não poderia ser maior. Porque ela não apenas chega sem a irmã, mas com uma criança. Uma criança de pele muito escura.
Para as gêmeas, a separação não significou apenas o rompimento de um laço sanguíneo. Elas se encontram em pontos muito distantes em uma sociedade racista: enquanto uma se casa com um homem negro e é obrigada a retornar ao lugar de onde escapou tantos anos antes, a outra é vista como branca, e o marido branco não faz ideia de seu passado. Ainda que separadas por milhares de quilômetros ― e incontáveis mentiras ―, o destino das duas permanece interligado. E o que acontecerá quando os caminhos de suas filhas acabarem se cruzando também?
Ao reunir diversos núcleos e gerações de uma mesma família, do extremo sul dos Estados Unidos à Califórnia, entre os anos 1950 e 1990, Brit Bennett constrói uma história emocionante, que também analisa de forma brilhante conceitos como passabilidade e colorismo. A metade perdidatrata de questões raciais, explora a influência duradoura do passado em nossas vidas ― seu poder de moldar decisões, desejos e expectativas ― e apresenta as razões pelas quais algumas pessoas se sentem compelidas a se afastar de suas origens.
“Passar por brancos de vez em quando, assim, era divertido. Até mesmo heroico. Quem não queria levar vantagem sobre os brancos, só para variar? Mas a transição definitiva para uma vida como branco era um mistério. Não se conhecia ninguém que tivesse passado despercebido por isso, assim como não se sabia de ninguém que tivesse sido bem-sucedido ao forjar a própria morte; era o tipo de coisa que só dava certo se ninguém jamais descobrisse a farsa.”
Brit Bennett nasceu e cresceu no sul da Califórnia. Formou-se na Universidade de Stanford e obteve um mestrado em ficção na Universidade do Michigan, onde recebeu o Hopwood Award e o Hurston/Wright Award. Em 2016, foi eleita uma das cinco vozes mais promissoras da literatura americana com menos de 35 anos pela National Book Foundation. A autora já teve ensaios publicados em veículos como The New Yorker, The New York Times Magazine, The Paris Review e Jezebel. Seu romance de estreia, As mães, publicado pela Intrínseca, tornou-se best-seller do The New York Times.