Uma bolsa de sela cheia de tesouro passa de mão em mão entre diversos personagens na Arábia. Cada um, com suas crenças e objetivos, aprende algo importante, transformando suas perspectivas sobre o que é essencial na vida.
Ao contrário do que se diz, o deserto é um território fértil. Ao menos para Bahiyyih Nakhjavani, que, a partir de uma trama complexa, faz convergir nas areias árabes um grupo de personagens que têm suas trajetórias costuradas por um misterioso alforje. Uma noiva que viaja para encontrar o futuro marido, um padre em peregrinação, um beduíno de alma livre e uma escrava falacha são alguns dos retratos que a autora pinta com maestria e profundidade. Ainda que tenham origens, crenças e desejos muito diferentes, todos os viajantes terão a vida transformada pelas escrituras sagradas.
Nakhjavani conta a história de nove personagens do século XIX viajando entre Meca e Medina. Todos se encontram na mesma caravana, que é atacada por bandidos e pega por uma tempestade de areia. Cada capítulo é narrado pela perspectiva de um personagem, transformando até os coadjuvantes em figuras complexas. O romance aborda como suas crenças religiosas e uma bolsa de sela revelam verdades transformadoras. Com uma mensagem Baha’i, o livro se destaca por seu estilo único, lembrando contos populares do século XIX e superando divisões culturais.
Bahiyyih Nakhjavani, autora da diáspora iraniana, explora as experiências das comunidades exiladas em seus livros. Nascida no Irã e criada fora do país, ela também viveu nos EUA, Chipre, França e Uganda. Sua obra reflete a cultura iraniana e sua fé Baha’i. Seu romance O alforje, best-seller internacional, aborda conceitos da religião Baha’i e é inspirado em obras como Os contos de Cantuária e The Dawn-Breakers. Nakhjavani usa sua escrita para enfrentar a teocracia iraniana e os nacionalismos, questionando a criação de fronteiras na sociedade globalizada.